sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Girlfriend como um dos melhores filmes do TIFF

Girlfriend, filme em que Jackson Rathbone interpreta o mecânico Russ, está na lista de melhores filmes do Festival Internacional de Cinema de Toronto, elaborada pelo repórter Larry Richman.

Girlfriend (EUA) - Girlfriend é o primeiro longa-metragem do diretor/escritor Justin Lerner. Eu conheci Lerner e fiz uma crítica ao seu curta The Replacement Child, no Festival de Cinema de Santa Bárbara em 2008, e esperei ansiosamente por essa estréia. Superou todas as minhas expectativas. Girlfriend tem como estrelas Evan Sneider (The Replacement Child), Shannon Woodward (The Haunting of Molly Hartley), Jackson Rathbone (A Saga Crepúsculo) e Amanda Plummer (Pulp Fiction: Tempo de Violência). O filme é um pouco difícil de assistir em alguns momentos, mas merece o rótulo “importante”. Esse filme sobre (e estrelando) um jovem rapaz com síndrome de Down tem algumas cenas que podem deixar o público incomodado, mas pra mim, essa é uma das definições de arte verdadeira – que te move, te deixa feliz, triste, com raiva – que te afeta emocionalmente de forma profunda e pessoal.

crítica completa que Larry Richman

As estrelas do filme Evan Sneider (The Replacement Child), Shannon Woodward (The Haunting of Molly Hartley), Jackson Rathbone (A Saga Crepúsculo), e Amanda Plummer (Pulp Fiction).

Evan Sneider interpreta Evan, um jovem com Síndrome de Down que quer uma namorada e o estilo rico de vida que ele sempre acreditou que teria. Ele nunca se vê como uma vítima que precisa de piedade ou tratamentos especiais. Evan tem um grande coração e só quer alguém para compartilhá-lo além de sua mãe Celeste (Amanda Plummer). Ela vive por ele e ele por ela. O objeto de sua afeição é Candy (Shannon Woodward), que ainda têm sentimentos por seu ex-namorado Russ (Jackson Rathbone) enquanto ela procura alguém para sustentar seu filho.

Circunstâncias inesperadas mandam Evan para um caminho inimaginável, que mantém o telespectador sem saber se o próximo encontro será confortável ou perigoso. A empatia planta as sementes de desconforto e o suspense se constrói durante o filme.

Girlfriend tem a sensação do "indie americano" que eu procuro. A iluminação natural é usada sempre que possível, e os efeitos visuais são mantidos ao mínimo. O telespectador simplesmente assiste a história se desenrolar. A cinematografia habilidosa de Quyen Tran de filmar por janelas e portas - a técnica conhecida como moldura sobre moldura - ao invés de encher a sala de personagens. Para transmitir profundidade, Lerner e Tran desenvolveram um plano onde cada ator era filmado de certa maneira - Evan com closes, Rathbone com a longa lente - e é incrivelmente funcional em sua elegância.

O uso de longas tomadas sem diálogos é um dos mais poderosos elementos no filme. Períodos de silêncio podem dizer mais em uma cena, pois o telespectador é forçado a criar a conversa em sua cabeça. Atores que conseguem se comunicar com expressões faciais e simples gestos não precisam de falas para impactar o publico. É uma das mais dramáticas técnicas usadas em Girlfriend que me deixaram maravilhado.

Se você pudesse ouvir uma jóia, seria a mordaz música feita pela banda do ator Jackson Rathbone, 100 Monkeys. Os membros da banda - Rathbone, Jerad Anderson, M. Lawrence Abrams, Ben Johnson e Ben Graupner - compuseram e escreveram as músicas originais para o filme. O laço entre os compositores e o projeto é aparente - Rathbone estrela e co-produz, Anderson também atua e produz - e a coisa toda é maior do que a soma de suas partes.

É difícil separar alguém dentre um brilhante elenco, mas está claro que o filme é de Evan Sneider. Foi escrito para ele com muito amor, e isso aparece. Não é necessário que o enredo seja baseado em experiências reais. Sem ser explorativo, a narrativa de Lerner não mostra Evan como um suporte (e nem Evan). A história funcionaria mesmo se o personagem não tivesse Síndrome de Down, e isso é um testamento da sabedoria e sensibilidade de Lerner sobre o assunto.

Shannon Woodward põe seu coração e alma no papel de Candy. Você quase sente sua dor emocional quando ela luta para colocar comida na mesa e um teto sobre a cabeça de seu filho. O espectador é igualmente rancoroso com Russ, um vilão de primeira classe que nunca mostra um lado bom, exceto na decepção. A retratação de Rathbone está em grande contraste com a bondade que cerca os outros personagens. Ele é o mal personificado. É claro que Lerner deu aos atores uma chance de improvisar. Funciona pois eles claramente desenvolveram relacionamentos baseados na confiança - com o diretor ou os colegas de elenco. O diálogo sem roteiro parece autêntico por que é real.

Esse filme sobre (e com) um jovem com Síndrome de Down, possui cenas que podem deixar o público desconfortável, mas para mim, isso é uma das definições de arte - ela te move, te deixa feliz, triste, com raiva - te afeta emocionalmente em um nível profundamente pessoal. Girlfriend pode ser difícil de assistir, às vezes, mas é um daqueles filmes que merece o rótulo 'importante'.

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